Edificada no século XVI, a Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Lagoa, ou de Nossa Senhora da Visitação, encontra-se implantada no coração da malha urbana da cidade. A frontaria, reconstruída após os parcos estragos provocados pelo terramoto de 1755, exibe um frontão recortado, enquadrado por dois volumosos pináculos, com escudo encimado por coroa real em relevo ao centro, que substituiu o anterior, mais ornamentado. O seu interior, de planta retangular e cobertura em madeira e telhas, no lugar da primitiva abóboda, é decorado por painéis de azulejos do séc. XVII e um friso de açafates floridos enquadrados por folhagem barroca. Na capela-mor pode-se observar um primoroso retábulo em talha dourada, obra dos finais do séc. XVII, onde se enquadra uma belíssima pintura da Visitação, da autoria de Pedro Girão de finais do séc. XX. De destacar uma imagem do Senhor Cruxificado e ainda as imagens do séc. XVIII, colocadas em nichos pintados a vermelho, de São João Batista e de Santa Isabel, Rainha de Portugal. De referir, entre os aspetos mais curiosos ligados à Misericórdia, a existência de uma antiga azinhaga, o primitivo albergue ou hospital e o cemitério da irmandade.
HOSPITAL DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LAGOA
O Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Lagoa nasce ao jeito de pequeno albergue contíguo à Casa do Despacho, por sua vez anexa à igreja. Durante centenas de anos distribuiu assistência e caridade aos mais necessitados. Até 1854 o edifício manteve a sua modesta traça, mas em 1862, o então Provedor da Santa Casa propôs que se fizesse dele um edifício alto, bem proporcionado e espaçoso. Joaquim António Pinto, irmão e tesoureiro da mesma instituição, esteve por detrás do projeto de melhoramento, notável para a época. O novo edifício, inaugurado em 1867, satisfazia assim as necessidades do povo. Foi esse o visado por D. Carlos e D. Amélia na sua Visita Real ao Algarve, em 1897. Mas este segundo hospital viria a ser destruído por um devastador incêndio, deflagrado a 28 de abril de 1900. Quando se pensou reativá-lo houve unanimidade em não o fazer no edifício incendiado, por ser aquele um local pouco higiénico, junto à praça do peixe. Foi a 17 de abril de 1911, junto à saída sul da vila, que se procedeu à inauguração do terceiro e mais moderno hospital, aquele que hoje é reconhecido como tal.